Amigo, incentivador e até mesmo padrinho de casamento do nosso Carlos Altmayer “Manotaço” Gonçalves, Pedro Paulo Couto não só encorajou e apoiou a fundação da Manotaço, como foi um dos nossos maiores clientes, confiando a nós trabalhos nos seus grandes barcos desde o projeto, Madrugada e Viva , esse último portando mastro Manotaço.
Pedro Paulo foi um notável na vela: com o Madrugada, participou da Admiral’s Cup em 1979 — competição que foi conhecida por muitos anos como um campeonato mundial não oficial de regatas oceânicas, onde foi atingido no costado e quase veio a afundar. No mesmo ano venceu a Buenos Aires- Rio (competição que ganhou por duas vezes).
Com a sua partida, nos resta manifestar a nossa grande admiração e gratidão, nas palavras do Zé Paulo:
Pedro Paulo Couto, por José Paulo Ilha
Partiu o Comandante Pedro Paulo Couto, o Pedrão, grande amigo e o cara que nos incentivou muito a fundar a Manotaço.
Trabalhamos para o Pedrão desde a construção e montagem do Madrugada, que ficou pronto pra correr o mundial da classe Two Tonner em 1978, no Rio de Janeiro.
Passamos a velejar com o Pedrão em 1980, no 1º Circuito de Florianópolis e, daí em diante, nós velejamos e fizemos manutenção do barco por vários anos.
Em 1985 eu fui velejar em uma geração mais nova de barcos, os One Tonners, onde meu grande parceiro na proa era o Pedrinho, filho do nosso mestre. Enquanto isso, Manotaço e o Pedrão firmes no Madrugada. O barco já estava um pouco antigo para regatas e veio a ideia de transformá-lo em um cruzeiro rápido. Assim, o barco veio para Porto Alegre para reformar.
E então chega uma das piores notícias: Pedrinho tinha morrido em um acidente de mergulho em Búzios. Pedrão inconsolável, barco vendido.
Passado um tempo, em conversa com seu grande amigo Gastão Brum, o Pedrão resolveu comprar um barco de cruzeiro para navegar pelo mundo.
Tínhamos aqui em Porto Alegre um barco novo, saído da Barco Sul (estaleiro do Plínio Froener), o mesmo que construiu o Madrugada. O proprietário tinha desistido de terminar o barco, que era um German Frers de 48 pés.
Venda acertada, o barco ganha seu nome: VIVA.
Entramos novamente com a Manotaço: fabricação de mastreação e montagem do barco, e lá se foi o Pedrão pro mundo: Caribe, Mediterrâneo, etc.
No ano 2000, teve a Regata Internacional Oceânica-Brasil 500 Anos , a regata do Cabral. Na volta o VIVA para o Brasil, ele veio a Porto Alegre para reforma e pintura. A obra agora fora gerenciada pela Náutica Rimoli.
No ano seguinte, corremos em Ilhabela na classe Cruzeiro. O bichinho das regatas pegou o Pedrão novamente e ele não parou de melhorar o barco: fizemos um mastro novo e bem mais leve, mais moderno. Agora o barco corria na ORC Clube.
E tivemos mais uma perda importante: nosso amigo e marinheiro Maneca, parceiro de uma vida, toda ela dedicada aos barcos da família Couto.
Meu último campeonato com o Viva foi em Punta. Juntamos um grande time que uniu os velhos dinossauros com uma turma bem nova. Foi ótimo e o Pedrão era só felicidade.
Por motivos profissionais, fui velejar em outros barcos mais modernos, e o pessoal continuou no VIVA por mais alguns anos até o barco ser vendido e voltar a ser um cruzeiro.
O ano de 2020 foi muito duro pra nós da Manotaço. Perdemos o Manota nosso irmão de anos de trabalho, e agora, perdemos um de nossos mestres e incentivador.
Amizades forjadas na borda são para sempre.
Devem estar juntos agora, eles, com Pedrinho e o Maneca, velejando em algum oceano.
Bons ventos a todos.