O Brasil é continental, mas para o mundo da vela não há distância que nos impeça de conhecer grandes histórias, como a do Estaleiro Maraberto (parceiros da Mastros Manotaço), de São Luíz do Maranhão, a “Capital do Multicasco Brasileiro”, onde a arte da construção de barcos é uma herança passada de geração a geração por grandes mestres.
Em 1963, um navegador português chamado Manoel Jorge atravessou o Atlântico fugindo da ditadura de Antônio Salazar e chegou ao litoral nordestino a bordo de uma novidade: um trimarã. Manélis, que ficou conhecido como “o Pai do Multicasco Maranhense”, estabeleceu-se no Maranhão na cidade de Cedral em 1976, onde passou a construir catamarãs e trimarãs. Foi onde conheceu um jovem chamado Gaudêncio Silva.
Em 1969, aos 17 anos, Gaudêncio foi iniciado no ofício da construção naval fazendo barcos pesqueiros, monocascos e escunas nas oficinas do Mestre Firmino, outra referência maranhense no assunto. Gaudêncio, que já trazia consigo tudo que aprendeu com Firmino, passou a trabalhar com Manélis na praia de Outeiro em Cedral, aprimorando o seu conhecimento com os ensinamentos do português.
Tornando-se também referência na construção de catamarãs, Gaudêncio deu início ao seu próprio estaleiro, o Maraberto, juntamente com os seus filhos Gezivan, Glaubert e e Gleydson Passinho Silva, a quem passou toda a sua experiência em multicascos e gosto pela arte naval.
Hoje localizado no bairro de Tamancão em São Luíz, o Estaleiro Maraberto é o criador dos catamarãs Pérola, nos modelos P27, P30, P35, P38, P40 e P52. O projeto, que é um sucesso no Nordeste do país, conta agora com a Manotaço como parceiro no fornecimento de mastros.
“Estamos entregando mais um P38, o terceiro com o mastro da Manotaço. Graças a Deus, nossos barcos têm sido uma bênção nas mãos dos nossos clientes, já temos oito P38 navegando”, conta Gesivan que destaca o design do modelo e pontualidade na entrega do barco à clientela.
“Fazer barco não é como fazer carro. Comprar um barco não é como comprar um carro de luxo. Às vezes a matemática não bate, porque envolve sentimentos é algo diferente, o dinheiro é importante para o fechamento do processo, mas o que me deixa feliz é ver que posso construir um sonho de uma família inteira”, resume Gesivan, sobre o sentimento da família sobre o ofício herdado e que os levou a seguir os passos do pai.